O que hoje me assusta. O Tempo. O que passou. O que passa. O que passará.
Cada vez mais vejo no Tempo a importância que nunca lhe dei… assusta-me pensar na rapidez com que ele se esgotou… na facilidade com que ele se desvanece agora no meu uso cada vez mais rotineiro da palavra “passado”.
Interrogo-me agora, de forma quase obsessiva, das escolhas e possíveis variantes de um qualquer trajecto. Assumo o gozo em relembrar esse passado, em pensar nos percursos tomados e nos momentos por eles criados. Apercebo-me com isso que tal obsessão apenas subsiste porque, cada vez mais, me vejo aprisionado num qualquer fado inerente a um mundo que, de forma consciente (acredito), se vai sustentando através da tua (nossa) dependência dele. Dependência essa que, envolvendo-nos a todos, me vai provocando o sentimento de estar inevitavelmente ‘condenado a ser como todos os outros um dia’, perdido num labirinto, sem perceber como sair.
Válido será questionar se serei, de facto, ‘como gado com o jugo, mais um puto condenado ao lucro’. Pragmaticamente, sou tentado cada vez mais a afirmar: esvaziam-se assim, neste presente, as inocentes fantasias (passadas) da existência de um “eu” perante todo o sistema através do qual toda uma espécie (sobre)vive.
O negativismo inerente a tal afirmação torna-se, aparentemente, aspecto evidente de um realizável conformismo. Dois “ismos” profundamente perturbadores. Nesse sentido, reflicto, paro… Prefiro imaginar que, na verdade, reconhecer no presente tal inevitabilidade, se poderá converter no primeiro passo de uma nova viagem, alimentada pela íntima vontade (passada) de ultrapassar tal destino.
No que acredito...
A dita obsessão em relembrar o passado, com as suas inocentes aventuras, descobertas, vadiagens e aprendizagens, tornou-se, na verdade, no principal motivo deste quadro cinzento sobre o qual se vai revelando o presente. A vontade de o ter de novo provoca um inevitável contraste com a realidade de (necessária) adaptação do presente.
Mas (e haverá sempre um “mas”, espero) será também ele o motivo (e motivação) para a (inocente) imaginação e criação de um outro (e próximo) futuro, (novamente) com as suas fantasias, devaneios e ficções… serão esses fantasmas de um passado alimentado pelo inconformismo (e seus valores) que me permitirão ultrapassar o (aparentemente óbvio) tempo presente... com a positividade que quero (e sempre quis) que me envolva…
Risy espero não estar errado…
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