Um amigo
Numa daquelas conversas em que são abordados temas tão vagos, (supérfluos), ambíguos, subjectivos (e pessoais) como as "energias", o espírito, o bem-estar, o equilíbrio, foi defendido que tudo na nossa vida se rege mediante dois valores: O AMOR e O MEDO!
Sinceramente, nunca tinha pensado muito seriamente no assunto. As palavras faziam algum sentido, na minha cabeça, mas os argumentos ficariam ("à quem"). Por isso e por aguma teimosa preguiça do raciocínio, haveria de continuar sem pensar, a sério, no assunto.
Um dia
Saindo do "posto de trabalho", que muitos preferem (saudavelmente) tratar como "recreio", fui surpreendido algures entre um "deja vú" e um "flashback"!Já lá vamos...
Acabadinho de me sentar no carro, meter a chave na ignição e abrir os vidros (recorrendo ao botãozinho, tá claro!), começo a ouvir o rádio. Antena3, pré-programada, brinda-me com um "habitué", Prova Oral para me acompanhar até casa. Não tá mal!
Estava lá um "perito" (já nem sei em quê), a afirmar veemente que tudo o que sentimos nesta vida se resume a amor e medo. O ódio é medo. A raiva é medo. A vergonha é medo. A liberdade é amor.
Muito objectivo e claro, muito conciso e pronto à resposta, sempre que solicitada por algum ouvinte (bastante mais activo que eu, como sempre!). Fez-me crer que poderá haver argumentos suficientes para defender uma posição coerente, equilibrada (e preferencialmente positiva) perante a vida (para que o amor ganhe!). Contudo, na minha irrefutável visão racional-científico-céptico-pós-moderna, seguia minha vida sem que aqueles momentos tivessem reflexo. (Nunca mais vagueei no assunto com os meus pensamentos, quanto mais fazer-se notar uma alteração prática.)
Ontem
Deitado, porque é deitado que se recupera de mazelas (reza a tradição!), decidi escolher um “.avi” qualquer. Literalmente, no meio das pastas, encontrei um ficheiro de nome “O SEGREDO DA FELICIDADE” que, muito naturalmente, me atraiu. Tal como uma “miss”, “espiritualmente” dotada de uma beleza sufocante, que nos chama e nos repele. (Eu tenho medo da beleza!) Para mim, prende-nos só para nos dar a facada. É assim que vejo a felicidade. Aliás, estou disposto a lutar para que se dê a oportunidade de resposta ao provérbio popular: “Depois da tempestade, vem a bonança!”. Propondo a seguinte composição: “Depois da bonança, cuidado! A tempestade deve estar de regresso!”. No entanto, lá premi o “enter”, tal e qual como se empurrasse uma qualquer porta de uma qualquer sala de cinema (num país de língua oficial inglesa!).
Hum…Uma hora, trinta e dois minutos e quinze segundos… “Fortune Features” – ??? – “Gotham Metro Studios” – Desta tenho ideia! – “Living Luminaries: on the serious case of happiness” – ???
Elenco… Um “cantor urbano”, ou “cantor de rua”… Um surfista…
Pelas primeiras imagens, recordo de me falarem de algo deste género. Um filme de alguém que, a propósito de algo, decidiu “ir em busca” da felicidade. Para isso, decidiu falar com “peritos” (sempre lá!) no campo. Decido: tentar ver.
Para meu espanto, depois de ver as primeiras imagens a tentar decifrar a letra da música, imaginando um trabalho igualmente difícil ao longo do filme, ouço: “Véérrsão Brásileira”. Soltei uma pequena gargalhada. Um filme, que para mim já seria pouco sério, transformado em novela das três da tarde. A credibilidade esfumaçara-se. Eu sei que não devia ser tão peremptório, mas… Pelo menos, continuei a ver o filme…
Entretanto, entra em cena um “Doutor”, que me prende com a sua seriedade serena, falando de arquivos filosóficos. Estas foram as “inquietações” que “guardei” comigo:
“Cada uma das grandes culturas do mundo tem a sua própria literatura filosófica. É comum, entre os mais diversos tópicos, tratarem temas como “as leis da natureza” ou “os grandes princípios do universo”. Isto é o que chamamos “filosofia perene”: tudo sobre os valores supremos da existência e sobre como alcançá-los...”
Até aqui, tudo bem…
Mas este Doutor, como pomposamente apareceu no ecrã, um tal de “Dr. Obadiah S. Harris, Ph.D.”, ainda complementado de um, não menos importante, “Professor, Author and President – University of Philosophical Research”, prosseguiu…
“Platão respondeu à sua pergunta dizendo: Se organizar a vida em torno de um dos valores supremos, tudo o resto virá até si, porque todos os valores supremos comungam uns com os outros. Para ele o valor supremo era a beleza; então, ele organizou a sua vida em torno da beleza.
E para ele a beleza era um ser.
Se organizar a vida em torno de um destes valores supremos:
beleza
verdade
amor
liberdade
justiça
igualdade
paz
…a felicidade virá até si!
Esta seria a resposta dele… É uma boa resposta!”
É uma boa resposta…
Isto foi (quase tudo) o que captei em vinte e seis minutos do filme…
Numa daquelas conversas em que são abordados temas tão vagos, (supérfluos), ambíguos, subjectivos (e pessoais) como as "energias", o espírito, o bem-estar, o equilíbrio, foi defendido que tudo na nossa vida se rege mediante dois valores: O AMOR e O MEDO!
Sinceramente, nunca tinha pensado muito seriamente no assunto. As palavras faziam algum sentido, na minha cabeça, mas os argumentos ficariam ("à quem"). Por isso e por aguma teimosa preguiça do raciocínio, haveria de continuar sem pensar, a sério, no assunto.
Um dia
Saindo do "posto de trabalho", que muitos preferem (saudavelmente) tratar como "recreio", fui surpreendido algures entre um "deja vú" e um "flashback"!Já lá vamos...
Acabadinho de me sentar no carro, meter a chave na ignição e abrir os vidros (recorrendo ao botãozinho, tá claro!), começo a ouvir o rádio. Antena3, pré-programada, brinda-me com um "habitué", Prova Oral para me acompanhar até casa. Não tá mal!
Estava lá um "perito" (já nem sei em quê), a afirmar veemente que tudo o que sentimos nesta vida se resume a amor e medo. O ódio é medo. A raiva é medo. A vergonha é medo. A liberdade é amor.
Muito objectivo e claro, muito conciso e pronto à resposta, sempre que solicitada por algum ouvinte (bastante mais activo que eu, como sempre!). Fez-me crer que poderá haver argumentos suficientes para defender uma posição coerente, equilibrada (e preferencialmente positiva) perante a vida (para que o amor ganhe!). Contudo, na minha irrefutável visão racional-científico-céptico-pós-moderna, seguia minha vida sem que aqueles momentos tivessem reflexo. (Nunca mais vagueei no assunto com os meus pensamentos, quanto mais fazer-se notar uma alteração prática.)
Ontem
Deitado, porque é deitado que se recupera de mazelas (reza a tradição!), decidi escolher um “.avi” qualquer. Literalmente, no meio das pastas, encontrei um ficheiro de nome “O SEGREDO DA FELICIDADE” que, muito naturalmente, me atraiu. Tal como uma “miss”, “espiritualmente” dotada de uma beleza sufocante, que nos chama e nos repele. (Eu tenho medo da beleza!) Para mim, prende-nos só para nos dar a facada. É assim que vejo a felicidade. Aliás, estou disposto a lutar para que se dê a oportunidade de resposta ao provérbio popular: “Depois da tempestade, vem a bonança!”. Propondo a seguinte composição: “Depois da bonança, cuidado! A tempestade deve estar de regresso!”. No entanto, lá premi o “enter”, tal e qual como se empurrasse uma qualquer porta de uma qualquer sala de cinema (num país de língua oficial inglesa!).
Hum…Uma hora, trinta e dois minutos e quinze segundos… “Fortune Features” – ??? – “Gotham Metro Studios” – Desta tenho ideia! – “Living Luminaries: on the serious case of happiness” – ???
Elenco… Um “cantor urbano”, ou “cantor de rua”… Um surfista…
Pelas primeiras imagens, recordo de me falarem de algo deste género. Um filme de alguém que, a propósito de algo, decidiu “ir em busca” da felicidade. Para isso, decidiu falar com “peritos” (sempre lá!) no campo. Decido: tentar ver.
Para meu espanto, depois de ver as primeiras imagens a tentar decifrar a letra da música, imaginando um trabalho igualmente difícil ao longo do filme, ouço: “Véérrsão Brásileira”. Soltei uma pequena gargalhada. Um filme, que para mim já seria pouco sério, transformado em novela das três da tarde. A credibilidade esfumaçara-se. Eu sei que não devia ser tão peremptório, mas… Pelo menos, continuei a ver o filme…
Entretanto, entra em cena um “Doutor”, que me prende com a sua seriedade serena, falando de arquivos filosóficos. Estas foram as “inquietações” que “guardei” comigo:
“Cada uma das grandes culturas do mundo tem a sua própria literatura filosófica. É comum, entre os mais diversos tópicos, tratarem temas como “as leis da natureza” ou “os grandes princípios do universo”. Isto é o que chamamos “filosofia perene”: tudo sobre os valores supremos da existência e sobre como alcançá-los...”
Até aqui, tudo bem…
Mas este Doutor, como pomposamente apareceu no ecrã, um tal de “Dr. Obadiah S. Harris, Ph.D.”, ainda complementado de um, não menos importante, “Professor, Author and President – University of Philosophical Research”, prosseguiu…
“Platão respondeu à sua pergunta dizendo: Se organizar a vida em torno de um dos valores supremos, tudo o resto virá até si, porque todos os valores supremos comungam uns com os outros. Para ele o valor supremo era a beleza; então, ele organizou a sua vida em torno da beleza.
E para ele a beleza era um ser.
Se organizar a vida em torno de um destes valores supremos:
beleza
verdade
amor
liberdade
justiça
igualdade
paz
…a felicidade virá até si!
Esta seria a resposta dele… É uma boa resposta!”
É uma boa resposta…
Isto foi (quase tudo) o que captei em vinte e seis minutos do filme…
E tu, Risy, gozas comigo???
(tanto maluco no mundo!)
referência da imagem:
Can you "love the sinner and hate the sin"?
William Crawley's Blog
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