Como é que os palestinianos poderiam ser “parceiros legítimos” em conversações de paz, se não têm país? Como podem ter país, se o seu país lhes foi roubado? Os palestinianos jamais tiveram escolha, além da rendição incondicional. Só lhes ofereceram a morte.
No conflito Israel-Palestina, as acções dos israelitas são consideradas retaliação legítima (mesmo que os seus ataques sejam desproporcionais); e as acções dos palestinianos são, sem excepção, tratadas como crimes terroristas. Um palestiniano morto jamais interessa tanto, nem tem o mesmo impacto, que um israelita morto.
Desde 1969, Israel bombardeia sem descanso o sul do Líbano. Israel já disse, claramente, que a recente invasão do Líbano não foi acto de retaliação pelo ataque terrorista em Telavive (11 terroristas contra 30 mil soldados); de facto, a invasão do Líbano é o ponto culminante de um plano, mais uma, numa sequência de operações a serem iniciadas como e quanto Israel decida iniciá-las. Para uma “solução final” para a questão palestiniana, Israel conta com a cumplicidade quase irrestrita de outros Estados (com diferentes nuances e diferentes restrições).
Um povo sem terra e sem Estado, como o palestiniano, é como uma espécie de leme, que dá a direcção em que andará a paz de todos que se envolvam em suas questões. Se tivessem recebido auxílio económico e militar, ainda assim teria sido em vão. Os palestinianos sabem o que dizem, quando dizem que estão sós.
Os militantes palestinianos têm dito que teriam conseguido arrancar, no Líbano, alguma espécie de vitória. No sul Líbano, só havia grupos de resistência, que se comportaram muito bem sob ataque. A invasão israelita, por sua vez, atacou cegamente refugiados palestinianos e agricultores libaneses, população pobre, que vive da terra. Já se confirmou que cidades foram arrasadas e que civis inocentes foram massacrados. Várias fontes informam que se usaram bombas de fragmentação.
Essa população do sul do Líbano, em exílio perpétuo, indo e vindo sob ataque militar dos israelitas, não vê diferença alguma entre os ataques de Israel e actos de terrorismo. Os últimos ataques tiraram 200 mil pessoas de suas casas. Agora, esses refugiados vagueiam pelas estradas.
O Estado de Israel está a usar, no sul do Líbano, o método que já se provou tão eficaz na Galileia e em outros lugares, em 1948: Israel está a “palestinizar” o sul do Líbano.
A maioria dos militantes palestinianos nasceu dessa população de refugiados. E Israel pensa que derrotará esses militantes criando mais refugiados e, portanto, com certeza, criando mais terroristas. Não é por termos um relacionamento com o Líbano que dizemos: Israel está a massacrar um país frágil e complexo. E há mais.
O conflito Israel-Palestina é um modelo que determinará como o ocidente enfrentará, doravante, os problemas do terrorismo, também na Europa.
A cooperação internacional entre vários Estados e a organização planetária dos procedimentos da polícia e dos bandidos levará necessariamente a um tipo de classificação que cada vez mais incluirá pessoas que serão consideradas “terroristas”. Aconteceu já na Guerra Civil espanhola, quando a Espanha serviu como laboratório experimental para um futuro ainda mais terrível que o passado do qual nascera.
Israel inteira está envolvida numa experimentação. Inventaram um modelo de repressão que, devidamente adaptado, será usado em vários países.
Existe marcada continuidade nas políticas de Israel. Israel crê que as resoluções da ONU, que condenam Israel verbalmente, são autorizações para invadir. Israel converteu a resolução, que o mandava sair dos territórios ocupados, em direito de construir colónias!
Achou que seria excelente ideia manter uma força de paz no sul do Líbano… desde que essa força, em vez do exército israelita, transformasse a região em área militar, sob controlo policial, um deserto em matéria de segurança.
Esse conflito é uma estranha espécie de chantagem, da qual o mundo jamais escapará, a menos que todos lutemos para que os palestinianos sejam reconhecidos pelo que são: “parceiros genuínos” para conversações de paz. De facto, estão em guerra. Numa guerra que não escolheram.
No conflito Israel-Palestina, as acções dos israelitas são consideradas retaliação legítima (mesmo que os seus ataques sejam desproporcionais); e as acções dos palestinianos são, sem excepção, tratadas como crimes terroristas. Um palestiniano morto jamais interessa tanto, nem tem o mesmo impacto, que um israelita morto.
Desde 1969, Israel bombardeia sem descanso o sul do Líbano. Israel já disse, claramente, que a recente invasão do Líbano não foi acto de retaliação pelo ataque terrorista em Telavive (11 terroristas contra 30 mil soldados); de facto, a invasão do Líbano é o ponto culminante de um plano, mais uma, numa sequência de operações a serem iniciadas como e quanto Israel decida iniciá-las. Para uma “solução final” para a questão palestiniana, Israel conta com a cumplicidade quase irrestrita de outros Estados (com diferentes nuances e diferentes restrições).
Um povo sem terra e sem Estado, como o palestiniano, é como uma espécie de leme, que dá a direcção em que andará a paz de todos que se envolvam em suas questões. Se tivessem recebido auxílio económico e militar, ainda assim teria sido em vão. Os palestinianos sabem o que dizem, quando dizem que estão sós.
Os militantes palestinianos têm dito que teriam conseguido arrancar, no Líbano, alguma espécie de vitória. No sul Líbano, só havia grupos de resistência, que se comportaram muito bem sob ataque. A invasão israelita, por sua vez, atacou cegamente refugiados palestinianos e agricultores libaneses, população pobre, que vive da terra. Já se confirmou que cidades foram arrasadas e que civis inocentes foram massacrados. Várias fontes informam que se usaram bombas de fragmentação.
Essa população do sul do Líbano, em exílio perpétuo, indo e vindo sob ataque militar dos israelitas, não vê diferença alguma entre os ataques de Israel e actos de terrorismo. Os últimos ataques tiraram 200 mil pessoas de suas casas. Agora, esses refugiados vagueiam pelas estradas.
O Estado de Israel está a usar, no sul do Líbano, o método que já se provou tão eficaz na Galileia e em outros lugares, em 1948: Israel está a “palestinizar” o sul do Líbano.
A maioria dos militantes palestinianos nasceu dessa população de refugiados. E Israel pensa que derrotará esses militantes criando mais refugiados e, portanto, com certeza, criando mais terroristas. Não é por termos um relacionamento com o Líbano que dizemos: Israel está a massacrar um país frágil e complexo. E há mais.
O conflito Israel-Palestina é um modelo que determinará como o ocidente enfrentará, doravante, os problemas do terrorismo, também na Europa.
A cooperação internacional entre vários Estados e a organização planetária dos procedimentos da polícia e dos bandidos levará necessariamente a um tipo de classificação que cada vez mais incluirá pessoas que serão consideradas “terroristas”. Aconteceu já na Guerra Civil espanhola, quando a Espanha serviu como laboratório experimental para um futuro ainda mais terrível que o passado do qual nascera.
Israel inteira está envolvida numa experimentação. Inventaram um modelo de repressão que, devidamente adaptado, será usado em vários países.
Existe marcada continuidade nas políticas de Israel. Israel crê que as resoluções da ONU, que condenam Israel verbalmente, são autorizações para invadir. Israel converteu a resolução, que o mandava sair dos territórios ocupados, em direito de construir colónias!
Achou que seria excelente ideia manter uma força de paz no sul do Líbano… desde que essa força, em vez do exército israelita, transformasse a região em área militar, sob controlo policial, um deserto em matéria de segurança.
Esse conflito é uma estranha espécie de chantagem, da qual o mundo jamais escapará, a menos que todos lutemos para que os palestinianos sejam reconhecidos pelo que são: “parceiros genuínos” para conversações de paz. De facto, estão em guerra. Numa guerra que não escolheram.
Publicado originalmente no Le Monde (7/4/1978) e, depois, em Deux régimes de fous: Textes et entretiens, 1975-1995 (Minuit, 2003), org. de David Lapoujade.
Tradução a partir do inglês: Caia Fittipaldi. Tradução a partir do português do Brasil: Cristino.
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